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Só funciona quando dói?!?




"Dr, aperta mais o aparelho!!! Só funciona quando dói!!!"


"Dr, posso fazer 02 ou mais manutenções por mês para o tratamento andar mais rápido?" 


Essas são duas frases muito comuns de se ouvir na rotina diária de um ortodontista. E o que elas apresentam de errado? A resposta é: está tudo errado!! E ao longo desta postagem vocês entenderão a razão.

À afirmação em azul, por incrível que pareça, cabe ressaltar que o excesso de dor e de força aplicada são inversamente proporcionais à velocidade da movimentação dentária.

À pergunta em vermelho, infelizmente, tanto para o dentista quanto para o paciente, a resposta é NÃO. Não pode ou não é aconselhável ativar o aparelho novamente antes de um período de 28 dias, na quase totalidade dos casos (salvo em algumas poucas exceções). 




Para entender a razão das ativações ortodônticas acontecerem aproximadamente 01 vez por mês, é necessário entrar na questão das reações teciduais frente às forças ortodônticas.

Os dentes estão ligados à mandíbula e maxila por meio dos alvéolos dentais. Esta junção é promovida pelo periodonto de inserção, representado por cemento, ligamento periodontal e osso alveolar.



O processo da movimentação dentária acontece da seguinte forma: quando a força é aplicada sobre o dente, este desloca-se no interior do espaço alveolar, que provoca o estiramento de algumas fibras periodontais e a compressão de outras. O dente sai da posição de repouso (A) e desloca-se (B), gerando um processo inflamatório periodontal (C), daí as reações teciduais locais levarão à remodelação óssea do alvéolo e consequente migração dental.

De forma bem resumida, a força aplicada tende a deslocar a raiz dental contra o alvéolo. No lado em que há a compressão ligamentar entrará em ação os osteoclastos, que são células que irão promover a reabsorção óssea; e no lado em que há a distensão do ligamento periodontal, entrarão em cena os osteoblastos e fibroblastos, que formarão tecido ósseo e fibras colágenas, respectivamente. Clinicamente, este período é caracterizado por suave dor nos dentes submetidos à carga. É por isso que nos primeiros dias após a ativação do aparelho os pacientes dizem perceber mais este processo ligeiramente doloroso, assim como leve mobilidade dentária.

A partir do quarto ao quinto dia, se aplicada a força correta, começa então a diminuir o incômodo, pois o processo irá se concentrar na aposição/formação óssea. A movimentação ortodôntica, com consequente deslocamento ou mudança de posição do alvéolo, é concluída num período aproximado de 28 dias. É por isso que marcamos as consultas para ativação do aparelho (manutenções) uma vez por mês, e ao querer diminuir este tempo, não se dará a possibilidade de concluir o ciclo da movimentação ortodôntica, gerando problemas ao tratamento.


Fonte: Livro Ortodontia, Diagnóstico e Planejamento Clínico, Flávio Vellini.


A força ideal pode ser definida como aquela capaz de produzir o movimento dental mais efetivo, ou seja, movimentação rápida, sem desconforto para o paciente e sem dano tissular (perda óssea ou reabsorção radicular). A força deve ser a mais fisiológica possível: máxima movimentação e mínimos danos.

Se a força aplicada for muito forte, haverá um pressionamento excessivo dos tecidos periodontais, diminuindo a circulação de sangue, causando uma degeneração ou necrose estéril das fibras, fenômeno conhecido como hialinização. As áreas hialinizadas atrasam a movimentação dentária, uma vez que um tecido saudável é fundamental para à remodelação óssea. Resumindo, força excessivamente forte (que erroneamente os pacientes falam em "apertar mais o aparelho"), menor a velocidade de movimentar os dentes.

Atualmente, os aparelhos que proporcionam as forças mais fisiológicas, e por isso causam menos desconforto de dor e uma movimentação dentária mais rápida (finalização do tratamento em um tempo menor), são os aparelhos autoligados, associados com fios termoativados.



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"Helicopterizar" o tratamento?!?



Alguns dias atrás, enquanto dirigia, me deparei com um carro com os seguintes dizeres: "Tua buzina não me helicopteriza". Me peguei rindo sozinho após ler o adesivo, e no mesmo instante lembrei-me da ortodontia.

De fato, num engarrafamento não adianta buzinar, não vai fazer o trânsito fluir melhor, sequer vai fazer o carro a sua frente andar alguns metros. E o que isso tem de semelhante com a orto? Quando um paciente vai ao meu consultório, já de posse da documentação ortodôntica (radiografias, modelo de estudo, traçados, fotos...), meu primeiro passo é fazer um planejamento do caso e explicar ao paciente as etapas do tratamento, inclusive dando uma previsão de quanto tempo será necessário para concluí-lo.

Por exemplo, digo a um determinado paciente que o tempo estimado de tratamento será de dois anos e meio (30 meses). Reforço esta fala e pergunto se ele tem alguma dúvida em relação ao planejamento e à duração do tratamento. Ciente e concordando, seguimos para a próxima etapa. Aí que começa a novela! Já no segundo mês de tratamento o paciente começa a perguntar quando vai tirar o aparelho!!! Isso mesmo, não escrevi errado não, já no segundo mês começa este questionamento, que persiste, incansavelmente, durante todos os meses até o final do tratamento. Essa pergunta não vai "helicopterizar" o tratamento!!! No máximo, vai criar um desgaste psicológico no profissional. E acreditem, seu ortodontista também é humano, ele não fica feliz de ouvir isso umas 20 vezes por dia. Soa como uma buzina no meio do engarrafamento.


Se tem algo que o paciente pode fazer para ajudar no sucesso do tratamento, e consequentemente quem sabe até acelerando o processo, é manter uma boa higiene bucal, ter cuidado com a alimentação para evitar quebrar ou descolar algum acessório do aparelho, e principalmente não faltar às consultas. O paciente também pode optar por usar o aparelho autoligado, que reduz o tempo de tratamento em relação ao aparelho convencional.

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